Histórico

Prisão de estudante em Miami expõe as contradições do ICE

Apesar de governo garantir que alvo das operações são os imigrantes criminosos, número de deportações de indocumentados sem passagem pela polícia continua alto na Administração Obama

A detenção da estudante peruana Leslie Cocche, do Miami Dade College, expôs as diferenças gritantes entre o que a administração Obama afirma e as reais políticas de atuação do ICE, a polícia de imigração americana. A jovem, de 18 anos, que vive desde criança na América e é excelente aluna, ficou 11 dias presa no Centro de Transição de Broward, em Pompano Beach.

Detida em 12 de março, numa estação de trem em Fort Lauderdale, onde mora, quando estava a caminho da faculdade Leslie foi algemada e entrou em processo de deportação. Acostumada a fazer essa viagem diariamente, a peruana lembrou de já ter visto outros agentes de imigração naquele local, mas jamais havia sido interpelada. Naquele dia, porém, foi obrigada a mostrar documentos – e não os tem.

“Infelizmente o ICE tem um histórico de prender inocentes que cometeram infrações menores, como deixar expirar a carteira de motorista”, disse Cheryl Little, diretora do Centro de Apoio ao Imigrante de Miami. Ao mesmo tempo, o presidente Barack Obama e a secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, garantem que a polícia de imigração mantém o foco de suas operações nos indocumentados que cometeram algum crime.

No entanto, as estatísticas mostram que de 1º de outubro a 7 de junho do atual ano fiscal, o número de deportação passa dos 226 mil, sendo que mais de 113 mil (acima de 50% do total) foram de pessoas sem qualquer antecedente criminal. Os ativistas esperavam que o número reduzisse drasticamente.

A advogada de defesa da peruana, Tania Galloni, decidiu enviar uma carta para o ICE, ressaltando que a prisão de Leslie não obedeceu aos critérios adotados pelo governo, pelo menos na teoria. “Não é ruim apenas para essa jovem, mas para toda a administração federal, pois o discurso de que o alvo do ICE está nos indocumentados com ficha suja não condiz com a realidade”, disse a advogada na carta. Os pais e a irmã da estudante também estão em processo de deportação em virtude do ocorrido.

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