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Reforço militar dos EUA sairá do Iraque em caixões, diz clérigo

Após o presidente George W. Bush anunciar sua nova estratégia para o Iraque na última quarta-feira (10)–cujo plano inclui o envio de mais 21.500 soldados americanos para o país árabe–, um porta-voz do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr deu uma resposta dura às ambições do governo americano, dizendo que todo o reforço enviado ao Iraque voltará para casa dentro de caixões.

“O problema no Iraque atualmente é a presença dos americanos. O aumento de sua presença só multiplicará o problema”, declarou o xeque Abdul Razzaq al Nadaui em Najaf, cidade sagrada xiita ao sul de Bagdá.

26.fev.2006/AP

Clérigo xiita diz que americanos sairão do Iraque em caixões
Dos 21.500 soldados que devem ser enviados ao Iraque, 17.500 irão para Bagdá e 4.000 para a Província de Al Anbar (oeste do país). O envio das tropas será gradual. Três brigadas adicionais de soldados iraquianos também serão enviadas a Bagdá, e o comando militar na capital será revisado.

A força extra no Iraque custará mais US$ 5,6 bilhões.

“A nova estratégia não é bem-vinda e, acima de tudo, os soldados americanos não são bem-vindos. Não é o primeiro plano anunciado por Bush. Todos fracassaram e esee não será diferente. Os americanos fariam melhor tentando evitar que seus filhos não venham ao Iraque, de onde correm o risco de sair em caixões”, acrescentou.

A proposta de Bush sofre rejeição tanto do Congresso americano como da população dos EUA. Pesquisa de opinião publicada ontem mostra que a maioria dos americanos desaprova a nova estratégia do presidente Bush. De acordo com o estudo, realizado pelo “Washington Post” e pela rede de TV ABC, 61% dos americanos dizem ser contra o aumento dos soldados dos EUA no Iraque. Destes, 52% se opõem “com veemência” ao envio de reforço às tropas.

Além do envio de soldados, o plano também fixa um prazo até novembro deste ano que os iraquianos assumam o controle da segurança das suas 18 Províncias. As forças iraquianas só controlam três Províncias, até o momento.

Segundo Bush, o governo iraquiano `dominado pelos xiitas` se comprometeu a desarmar as milícias armadas xiitas, responsáveis, ao lado dos grupos de insurgentes sunitas, pela violência religiosa que já provocou milhares de mortes no país.

O clérigo xiita Al Sadr, que chefia o Exército de Mehdi, uma das principais milícias iraquianas a qual se atribuem regularmente ataques contra a comunidade sunita e a forças da coalizão, rechaça veementemente a presença dos EUA e de sua coalizão no Iraque, alegando que tal ocupação “fomenta uma guerra confessional”.

Em fevereiro de 2006, um grupo de muçulmanos sunitas atacou uma das mais importantes mesquitas xiitas na cidade de Samarra (125 km ao norte de Bagdá). Desde então, uma onda de violência sectária tomou conta do país, com ataques e contra-ataques entre sunitas e xiitas que já deixaram milhares de mortos, entre eles muitos corpos com sinais de tortura e tiros à queima-roupa.

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