Histórico

Reforma imigratória divide os republicanos

Newt Gingrich, líder nas pesquisas, defende legalização de indocumentados

Duas semanas depois de publicada uma pesquisa feita pela Univision-Latino Decisions, na qual a maioria dos votantes é a favor da aprovação de uma reforma imigratória, o líder entre os candidatos republicanos à presidência mudou seu discurso de um categórico “não” para uma via de legalização, para uma possível mudança de status para os 11 milhões de indocumentados, dependendo de seus vínculos com os Estados Unidos. No entanto, nunca se falou de apoiar a nacionalização, somente a legalização.

Quem mudou a retórica foi o ex presidente da Câmara de Deputados, Newt Gingrich, que prometeu não deportar aqueles que tenham entrado no país de maneira ilegal, mas que tenham feito sua vida nos Estados Unidos.

Gingrich comentou ser injusto castigar alguém que cometeu um erro (entrar sem documentos nos Estados Unidos) há 25 anos.

Em um momento que para muita gente lembrou uma intervenção de Rick Perry em debates anteriores, Gingrich sustentou que o Partido Republicano precisa ser “mais humano” com o tema imigratório. Esclareceu que não se pode chamar o partido de ser “a favor da família” enquanto separa os pais de seus filhos com nacionalidade americana.

Em um exemplo hipotético, Gingrich disse que, se uma pessoa vive há 25 anos nos Estados Unidos, com filhos e netos no país, e paga seus impostos, não pode ser removida à força. No entanto, esclareceu que um imigrante indocumentado recém-chegado, que não tenha raízes nos Estados Unidos, deve ser deportado.

Reafirmando mais sua mudança de postura a respeito do tema imigratório, o ex porta-voz da Câmara Baixa disse também apoiar o Dream Act, porque, em sua opinião, não se pode castigar uma criança “que chegou aos Estados Unidos aos 3 anos de idade” trazida pelos seus pais ilegalmente.

Bachmann não cede

A deputada Michelle Bachmann afirmou que permitir a estadia dos imigrantes que não têm autorização para isto é uma forma de oferecer uma anistia indevida. Segundo a agência The Associated Press, ela concordou com o ex governador de Massachusetts, Mitt Romney, que os benefícios concedidos a estes imigrantes são um atrativo para que venham outros.

Romney resumiu sua postura imigratória em uma frase: “Isto é uma festa para quem ama a imigração legal”. Com isto quis dizer que ele deseja incentivar a imigração (de estrangeiros que entram legalmente no país), sobretudo das pessoas com títulos de mestrados e doutorados de universidades norte-americanas.

Por sua vez, o empresário de pizzas, Herman Cain, disse que sua solução para lidar com os 11 milhões de indocumentados que estão no país “é dar poder para os estados fazer o que o Governo Federal não está fazendo”. Em outras palavras, apoiar leis como a SB1070 do Arizona e a HB56 do Alabama. Embora também esboçou preferir que os imigrantes entrem “pela porta da frente, e não pela porta de trás”.

Finalmente, o governador do Texas, Rick Perry, que poderia ter apoiado mais a mudança imigratória de Gingrich por suas políticas como o Texas Dream Act, disse que a prioridade deve ser uma fronteira segura.

Gingrich, que se expreesa com muita segurança nos debates, atualmente é o primeiro nas pesquisas, com 24 por cento do apoio dos eleitores de seu partido de acordo com uma sondagem da CNN, seguido pelo ex governador de Massachusetts com 20 por cento.

Ainda é preciso ver se sua postura vai surtir efeito com o eleitorado hispânico, cujo apoio é necessário para ganhar a corrida para a Casa Branca. Igualmente, muitos analistas preveem represálias por parte das bases mais conservadoras do Partido Republicano. No entanto, não há dúvida de que – mesmo em meio ao escândalo por ter recebido pagamentos das empresas Fannie Mae e Freddie Mac – Gingrich foi quem mais gerou expectativas na noite desta terça-feira em Washington.

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