Histórico

Republicanos apoiam muro e linha dura contra indocumentados

O muro fronteiriço com o México foi aprovado pelo Congresso em 2006 após o cancelamento no Congresso da harmonização das versões antagônicas de reforma imigratória

O Comitê que elabora a plataforma de governo do Partido Republicano votou a favor de completar o muro fronteiriço com o México, e de manter uma linha dura contra os imigrantes indocumentados, divulgou a Agência Espanhola de Notícias (EFE).

A chapa será votada na Convenção Nacional Republicana em Tampa (FL) na próxima semana.

Durante a reunião na qual foi elaborado o documento, transmitido pelo canal C-Span, o secretário de Estado do Kansas, Kris Kobach, autor das polêmicas leis imigratórias do Arizona SB1070 e Alabama HB56, propôs ampliar a nível nacional o programa federal E-Verify, que obriga as empresas a verificar o status imigratório de seus funcionários.

Se você quer realmente criar empregos amanhã, pode eliminar um imigrante ilegal hoje, explicou Kobach ao apresentar sua primeira emenda que recebeu apoio significativo.

Uma segunda emenda incluiu disposições para completar o muro ao longo da fronteira com o México.

A campanha de Romney

As duas disposições, segundo Kobach, concordam com a campanha do virtual candidato presidencial republicano, Mitt Romney, e também figuraram na plataforma do Partido Republicano aprovada em sua convenção nacional de 2008, quando foi escolhido como candidato presidencial a chapa John McCain e Sarah Palin, que perderam a eleição de novembro deste ano para os democratas Barack Obama e Joe Biden.

Somos um partido que reconhece que ilegal significa ilegal. É importante que não retrocedamos nestes elementos que estiveram em nossa plataforma de 2008, realçou Kobach.

Em sua página digital, o secretário de Estado do Kansas lembrou que Romney prometeu eliminar o imã da imigração ilegal e construir um muro de alta tecnologia na fronteira como México.

No segundo semestre de 2006, os republicanos cancelaram o Comitê de Conciliação que harmonizaria as duas leis de reforma imigratória (uma da Câmara de Deputados que criminalizava a estadia indocumentada e outra do Senado que abria uma via para legalização dos 11 milhões de pessoas sem papéis). O Congresso aprovou então a controvertida lei do muro na fronteira com o México, projeto que, além de uma barreira física, incluía um muro digital.

Em setembro, a companhia Boeing conquistou um multimilionário contrato com o governo federal para colocar 1.800 torres de vigilância e outros complexos sistemas de segurança eletrônica.

No de concessão do contrato, o Departamento de Segurança Nacional (DHS) anunciou que o projeto seria construído em duas fases, e que a primeira, um segmento de 45 quilômetros, seria erguido entre Tucson (Arizona) e México.

O Boeing, com sede em Chicago, foi uma das quase 40 companhias que participaram da concorrência pública. Ao contrário de seus concorrentes, a Boeing não baseou sua oferta de vigilância no uso generalizado de veículos aéreos ou terrestres não tripulados, e incorporou a construção das modernas torres que, seis anos mais tarde, foram questionadas e depois canceladas.
Relatório significativo

Em maio de 2011, uma auditoria do Gabinete da Controladoria Governamental (GAO) recomendou interromper a construção do polêmico muro digital na fronteira com o México por causa de seu alto custo e seu ineficaz sistema de vigilância e prevenção da travessia de indocumentados para os Estados Unidos.

O relatório recomendou, ainda, desenvolver novas operações de monitoramento eletrônico na fronteira entre o estado do Arizona e México, segundo a Agência Francesa de Notícias (AFP).

O relatório (um de vários emitidos desde que foi aprovado em 2006) destacou que o governo federal gastou mais de $1 bilhão desde 2005 quando foi aprovado o programa conhecido como SBInet.

O muro digital ou muro eletrônico uma barreira consistente em torres equipadas com sensores, radares e câmeras automáticas que se localizam de forma paralela ao muro construído em grande parte da fronteira de 3.200 quilômetros que divide os Estados Unidos do México foi aprovado em 2006 pelo Congresso a um custo inicial de $2 bilhões, valor que depois foi reajustado substancialmente.
Durante o primeiro ano, o DHS concedeu a construção de um primeiro trecho de teste de 28 milhas conhecido como P-28, para a companhia Boeing. Mas o projeto, levantado ao sul do Arizona, falhou e se gastou mais do que o estimado pelo governo.

Em janeiro de 2011 o DHS suspendeu a extensão do programa SBInet para avaliar sua efetividade. Depois anunciou um novo Plano de Monitoramento Fronteiriço, o qual a GEO considerou não dispor de informações suficientes para apoiá-lo totalmente.

O novo plano de monitoramento eletrônico exigia outros $1,5 bilhão. O DHS não conta com objetivos claros, nem a tecnologia parece suficientemente confiável para substituir os equipamentos que já funcionam dentro do programa SBInet de 2005, cuja manutenção custou $26 milhões em 2011, divulgou a AFP.

Em outubro de 2010, os meios de comunicação informaram que o milionário e polêmico projeto para frear a entrada de imigrantes indocumentados provenientes do México, que foi aprovado pela administração republicana do ex-presidente George W. Bush, quase foi cancelado porque não funciona.

Até aquela data já haviam sido gastos mais de $1,2 bilhão e o muro não funcionava. O projeto original, aprovado pelo Congresso, garantia que seria uma cerca de tecnologia integrada para manter sob monitoramento grande parte da fronteira de quase 3.200 quilômetros (2.000 milhas) entre os Estados Unidos e o México.

Mas a verdade era que, quatro anos mais tarde desde sua aprovação, só cobriu 85 quilômetros na zona do Arizona e foram gastos mais de $10 milhões por quilômetro.

Dança dos milhões

O muro virtual foi autorizado a um custo inicial de $2,2 bilhões e depois ajustado para $6,700 bilhões. A cerca virtual–com câmeras de circuito fechado de TV, câmeras fotográficas, sensores e radares–está cheia de falhas técnicas e demora na entrega das diferentes fases do projeto.

Um primeiro trecho permanente da cerca foi construído na zona de Sásabe, Arizona, e teve uma distância de 37 quilômetros (28 milhas). Deveria ter sido entregue à Patrulha de Fronteiras (Border Patrol) em janeiro de 2010 pelo principal contratado, Boeing, mas a entrega demorou por causa de problemas relacionados com o equipamento de vídeo.

As autoridades federais americanas não descartaram na época que fossem colocadas cercas virtuais só em certos trechos e não como estava previsto no projeto original.

O plano original indicava que a cerca virtual deveria estar pronta para 2011. Mas os problemas técnicos obrigaram em janeiro o DHS adiar a data para 2014.

Com relação à verificação eletrônica, o programa E-Verify é uma gigantesca base de dados a cargo do Gabinete de Cidadania e Serviços de Imigração (USCIS) que se encontra conectada com as bases de dados da Administração do Seguro Social (SSA) e do DHS, ferramentas que reúnem dados de milhões de pessoas, tanto cidadãos como residentes legais nos EUA.

O programa é a segunda parte do Sistema Básico de Verificação de Emprego (EEV) que foi aprovado pelo Congresso em novembro de 2003 e integra as políticas de segurança implantadas após os ataques terroristas de 2001.

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