Histórico

Retrospectiva 2008: O ano que nunca esqueceremos

Obama e a crise financeira foram os destaques

Há anos que ficam marcados na história. Certamente 2008 será um deles. Pode-se dizer o que quiser do ano que se foi menos que foi anódino. Pelo contrário, historiadores vão debruçar-se para analisar o que representou este período revolucionário no cenário mundial.
Na política mundial, o nome Barack Obama ficou registrado como símbolo de mudança. A eleição de um afro-americano para dirigir os Estados Unidos da América, a partir de 20 de janeiro deste ano, é sem dúvida um fenômeno que pouca gente ousava sequer imaginar há 50 anos, quando ainda vigorava o racismo abjeto em muitas partes deste país.

Obama está assumindo o governo levando nos ombros a esperança de milhões de americanos – e bilhões de cidadãos de outros países – de ser um agente de mudanças, que possa recolocar o país nos trilhos e, por consegüinte, devolver a dignidade e a auto-estima perdida, que já provocou e ainda vai provocar desempregos.

Depois de uma disputa acirrada com Hillary Clinton pela indicação do partido Democrata, o ex-senador por Illinois conseguiu arrebatar os corações e mentes dos membros de seu partido e derrotou a ex-primeira-dama, por uma apertada margem de votos no colégio eleitoral.

Passado o período de esfriamento de relações, os dois voltaram a se unir – tanto que Hillary será a secretária de Estado do novo governo – e os democratas se tornaram a força dominadora na política americana. A mesma vitória avassaladora repetiu-se nas eleições
parlamentares, com os membros do Partido Democrata tornando-se maioria nas duas casas legislativas – Câmara de Deputados e Senado.
O eleitorado mandou um claro recado a George W. Bush de que seu governo havia sido reprovado. E não só no âmbito interno. O mais impopular presidente da República ainda passou pela humilhação de ser alvejado por sapatos atirados por um jornalista iraquiano em uma coletiva de imprensa realizada este mês.

O mundo caiu

Se no lado político, uma luz de esperança se acendeu, no cenário econômico se fez escuridão. Outrora potências financeiras como Wachovia, Citibank, Bank of America, Lehman Brothers, Bear Stearns, AIG, Merryl Linch e outras viraram pó da noite para o dia, em razão da má administração dos seus ativos, contaminados com títulos sem lastros por causa de empréstimos tóxicos feitos para o financiamento de imóveis a pessoas sem condições de pagar pelos imóveis adquiridos.

A crise imobiliária se alastrou e contagiou toda a economia, afetando os mais variados segmentos. Um dos mais sensíveis, sem dúvida, tem sido o dos automóveis. As montadoras americanas estão no fundo do poço e recorreram ao Congresso em busca de ajuda financeira. Foram agraciadas com uma verba concedida pelos deputados, mas impedidas de ter acesso à ajuda por causa dos votos de um punhado de senadores republicanos que representam os estados sulistas.

Ironicamente, é justamente nos estados do sul do país – Alabama, Tennessee, Kentucky e Virginia – que estão localizadas as fábricas estrangeiras, como Toyota, Honda e Kia Motors. Apesar da negativa do Senado, o presidente Bush decidiu destinar parte da ajuda de US$ 750 bilhões à General Motors, Ford e Chrysler para mitigar o sofrimento dos funcionários destas empresas e de toda a cadeia produtiva envolvida na fabricação de automóveis – fabricantes de peças, concessionárias de veículos e outros serviços.

Mesmo com a intervenção governamental, muitos acreditam que o setor sofrerá um enxugamento até certo ponto necessário. Um analista lembrou que a GM tem quase sete mil revendas enquanto a Toyota opera com 1.500 e ambas vendem o mesmo número de veículos. Ou seja, algo está errado, e não é com os japoneses.

A própria Toyota anunciou ter fechado 2008 em vermelho, o primeiro ano de perda em seus 70 anos de existência. E a Honda também sofreu, tanto que optou por deixar a Fórmula 1 a fim de poupar dinheiro.

O festival de demissões – aqui e no mundo inteiro – deve prosseguir em 2009, mas todos torcem para que a situação melhore a partir do segundo semestre. Afinal, crises vêm e passam. E a recuperação costuma ser bem melhor. Só podemos lamentar por aqueles que foram tragados pela crise e perderam suas economias da vida inteira no cassino financeiro formado pelas bolsas de valores que operavam sem a devida fiscalização. Algo que, esperamos, mude este ano.

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