Histórico

Vaticano diz que muro entre EUA e México é ´desumano´

Bispos católicos dos dois países têm feito oposição sistemática à construção

Um alto prelado do Vaticano qualificou o plano norte-americano para a construção de um muro separando a fronteira dos Estados Unidos com o México como “desumano”, nesta terça-feira. O cardeal Renato Martino, chefe do escritório Vaticano voltado para imigrantes e moradores itinerantes, comparou o ato ao Muro de Berlim e pediu aos EUA que permitam o ingresso legal de mais estrangeiros em seu território.

“Devo assinalar que, desafortunadamente, em um mundo que recebeu com alegria a queda do Muro de Berlim, outros estão sendo levantados, entre bairros, cidades e nações”, disse o religioso durante uma coletiva de imprensa para apresentar a mensagem anual do papa Bento 16 sobre imigrantes.

Bispos católicos dos Estados Unidos e México têm feito oposição ferrenha à construção do muro, um dos principais planos de George W. Bush para tentar barrar a imigração ilegal na fronteira com o México. Os planos da Casa Branca prevêem a construção de um muro de 1,1 mil quilômetros.

O projeto foi promulgado em 26 de outubro por Bush, que considera o plano “um importante passo nos esforços dos americanos para proteger as fronteiras”. Aproximadamente 11 milhões de mexicanos vivem nos EUA, e quase a metade deles são considerados irregulares perante as autoridades de imigração norte-americanas.

Durante a coletiva, Martino também falou sobre o tráfico de seres humanos, especialmente de mulheres que são obrigadas a se prostituir e de crianças forçadas a trabalhar. “O tráfico de seres humanos tem se intensificado, as pessoas são forçadas à escravidão porque dependem de criminosos que se apoderam destes seres humanos”, disse.

Um informe emitido pelo Departamento de Estado em 2005 estima que entre 600.000 e 800.000 homens, mulheres e crianças são vítimas do tráfico de seres humanos, através de fronteiras nacionais, sendo que 80% das vítimas são do sexo feminino.

O cardeal lançou um desafio para que as nações combatam a escravidão atual. “Em um mundo que proclama os direitos humanos a torto e a direita, vemos o que se faz com os direitos de tantos seres humanos que não são respeitados, e sim pisoteados”, disse.

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